segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Dizer adeus



Talvez uma das coisas mais difíceis,

muitas das vezes acabamos por não fazer ...

Sentimos a necessidade, percebemos que devemos, 

... deixamos, 

Ao correr dos dias, os minutos vão se transformando em grãos,

não podemos mais ver ou tocar o que virou pó.

Vivemos imersos em nossas paranoias, seremos nosso próprio ceifador...

vamos nos desligando, perdendo por entre os dedos

Palavras pequenas, mas tão difíceis, 

vozes que nos dizem que não...

Então brindemos nossa insanidade,

e aqueles que vão ficar...

diremos adeus...


Â.A.


sábado, 12 de dezembro de 2020

Pequeno monstro

 


Foi se transformando, se modificando ao longo do tempo

não sabia mais, não queria mais, preferiu esconder...

Não se via mais perto de pessoas, preferia ficar só, 

sua companhia era a noite, o escuro...

onde ele se sentiu seguro, não tinha mais que fugir

Não conseguia evitar, muitas vezes memórias emergiam,

como hóspedes que não foram convidados... 

cada lágrima que corria de seus olhos, era o reflexo

do que um dia foi o pequeno monstro.

Em lapsos de alegria, se pegava observando pequenas belezas ao seu redor,

pequenos detalhes que o deixavam feliz...

nesses momentos, se esquecia um pouco do que se tornou.

Mas certas vezes, em meio a sua solidão, se pegava sentado, encolhido

segurava e tentava proteger com suas garras, uma pequena caixa

já bem gasta, consumida pelos anos...

Sussurrava baixinho, em meio a engasgos...

"Lembranças... de quando pequeno monstro sabia amar..."


Â.A.





quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Gritos no manicômio

 



E no fim da estrada, em meio a grandes árvores,

se perde na penumbra sua estrutura, já sem cor, desbotado,

se desmanchando com o tempo.

Ao se aproximar gritos abafados ecoam, as folhas mortas tremulam

ao se aproximar da entrada, a grande porta velha mal fechada,

Muitos se aproximam, poucos se adentram a meio a pouca luz que ali reside.

Vultos, imagens e grunhidos ecoam pelo salão, nos corredores

as vozes ficam mais fortes, parecem gritar em seus ouvidos...

... são gritos de terror, desespero e socorro, sente um súbito gelar no ar...

Nada tão feio de se ver, ao fim daquele caminho, uma janela quebrada

uma pequena claridade aparece, se tiver coragem de se aproximar poderá ver.

Um mundo onde brilham as cores, estranho de se imaginar...

não se pode ver, nem mesmo tocar...

Por trás de olhos tristes, tudo pode acontecer...

um mundo sombrio em sua casca de beleza...


Â.A.