domingo, 21 de outubro de 2018

Aos poucos ele se foi



E aos poucos ele foi se despedindo de tudo e de todos, 
deixando suas últimas palavras, seus últimos adeus...
ele mirava o horizonte, seus olhos vazios enxergavam algo.
Tentava alcançar, estendia suas mãos, as vezes se desenhava um sorriso,
na tela em branco que era seu rosto...
aos poucos ele foi deixando de existir, foi se desbotando,
já não sentia mais cores, não via mais sensações
ele foi deixando de existir.
Seus pedaços espalhados por onde passou, 
pequenas peças de um quebra cabeça sem solução...
A chuva ia apagando seu contorno,
de longe se via apenas um reflexo, não existia mais corpo,
não existia mais ser...
estava apenas um borrão...
E aos poucos ele foi sumindo, deixando de existir
foi-se embora com as gotas de chuva,
e no instante que a última gota caiu do céu...
ele se deixou ir... talvez tenha encontrado o que mirava
pois naquele instante um sorriso se formou no céu,
uma bela curva, em suas cores
ele finalmente estava feliz...

Â.A.


quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Isso e nada mais...



Então olhou dentro de seus olhos,
ultrapassou a barreira, deu o passo no precipício.
Enxergou um outro mundo, um outro universo dentro daqueles olhos,
passou a gostar de escorregar naquela curva,
aquela curva que formava quando ela sorria.
Poderia ficar ali, poderia parar o tempo...
Isso e nada mais... somente isso
era assim que ele se sentia feliz,
ele lhe dava mil sorrisos,
corria seus dedos inquietos por suas mãos, braços, bochechas...
Era isso e nada mais...
Mas era somente isso, vivia somente com ele,
como poderia ela saber?
Ele a via sorrir, seus olhos brilharem, mas não por causa dele...
ele lhe dava mil sorrisos...
como poderia falar?
Se perdia nas palavras, apenas se perdia...
Era isso, nada mais, ele lhe deu mil sorrisos...
e então, a amou em segredo...

Â.A.




segunda-feira, 20 de agosto de 2018

As vezes no silêncio da noite



No fim do dia, quando o sol esparrama seus últimos feixes,
quando o céu exibe um belo degradê...
As vezes no silêncio da noite, quando o céu se torna espelho...
você olha para as estrelas... e vê seus olhos refletidos nelas.
Assim como a leve brisa, com um toque frio envolve seu corpo,
sua paixão revive e envolve seu coração...
olhares para o vazio, para o nada...
São pequenas lembranças, pequenas brasas que não se apagam
pequenos pontos de luz, pequenos reflexos em um tapete escuro
Largos sorrisos se formam...
sorrisos que se misturam a um olhar perdido,
uma alma, que dança ao vento, que se deixa levar...
se encontra perdida...
Pequenos pontos de luz, pontos de calor,
que insistem em manter seu brilho,
quer mostrar que ainda vive, que ainda queima...
Um corpo já abandonado, mas uma alma ainda viva...
uma brasa que insiste em se manter queimando,
tornando viva sua luz, sua paixão...
Â.A.

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Levado com o vento



E nos reflexos de seus olhos, via-se uma história a se passar,
cada piscada era um flash diferente, uma cena...
Quem teria coragem de olhar fundo naqueles olhos,
quem seria capaz de conhecer toda a história?
Ele a contava por meio de sorrisos, toques, lágrimas...
as vezes cantarolava por aí, se envolvia em uma melodia...
que só em seus ouvidos ressoava,
Ele já não mais enxergava com seus olhos,
deixava seu corpo sentir, enxergava com a alma...
Procurava o de mais belo que o simples poderia lhe oferecer,
Gostava de sorrisos, mas tinha seu preferido...
um baú guardando seu mais valioso tesouro,
esperava ansioso para que pudesse abrir a tampa 
e se deparar com aquelas belas pérolas...
Ia dando seus passos, meio que arrastados por aí,
não fazia mais parte desse mundo,
aos poucos se desmanchava com o vento...
E a cada lugar que lhe servia de estadia
deixava um pouco de seu toque, sua essência ...
deixava também um pouco de seu sorriso...

Â.A.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Um caminhante



E a escuridão voltou, com seus sussurros,
o toque frio do sol de inverno,
talvez a solidão não seja algo tão ruim.
A alma vai se contorcendo, se ajeitando
em um espaço pequeno, estreito...
não suporta mais a própria presença...
Um caminhante solitário, presença imperceptiva
em seu coração somente existe areia e poeira...
cometeu um suicídio sentimental
cortou seus pulsos e deixou seus sentimentos jorrarem...
vai deixando por onde há seus passos,
rastros de algo que um dia já foi belo, admirado...
Carrega ainda um sorriso, uma máscara,
que aos poucos se desbota
vai deixando, junto as suas pegadas
trechos e versos, pequenas melodias...
de algo que um dia já foi belo, admirado...

Â.A.

quinta-feira, 17 de maio de 2018

As flores simplesmente morrem



Não se iluda com a beleza de um jardim,
não pense que será para sempre,
seus cuidados, seu afeto, o manterá vivo até certo tempo...
Guarde boas recordações, aproveite as manhãs de sol,
cores vivas, perfumes, pequenas brisas perfumadas.
As flores simplesmente morrem... não há nada que se possa fazer,
aos poucos, vão se desfalecendo, perdendo cor, pétalas...
Os dias vão perdendo a alegria, as manhãs vão ficando pálidas...
são apenas flores, sim, apenas flores...
irá encontrar outras flores...
Não como essas, não como esse jardim,
poderão ser belas, mas não serão as flores...
As flores simplesmente morrem, apodrecem...
apenas ficam recordações, doces aromas de algo que já se passou...
e aos poucos, minhas pétalas também vão caindo,
minha cor também vai desbotando,
e com a leve brisa, também vou desfalecendo, desmanchando...
e assim como as flores...

Â.A.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Vazio



Uma sensação de frio constante, mas não o corpo todo
só ali, no meio do peito...
um frio, gelado, as vezes intenso as vezes suave,
mas sempre está ali.
Há dias que parece que quer romper a pele,
outros parece que te sufoca...
não consegue explicar, não consegue mostrar,
só consegue sentir...
As lágrimas estão ali, mas não conseguem sair,
sabe que quer fluir como um rio, mas há algo que as segura,
não sabe o por que, não sabe explicar...
Há dias que só quer permanecer sozinho,
permanecer em um lugar escuro, frio,
É um vazio, o consome aos poucos... e dói a cada sorriso...
está ali, sempre esteve, o acompanha
parece tão fácil dar um fim a isso...
Mas há algo que o impede...
não sabe o que, só sabe que o tem...
Uma sensação constante de frio, de solidão,
quando o sol se vai, vai também o calor,
a lua ganha o céu, e o frio aumenta
sua luz alva e gelada o abraça,
lhe concebe um pouco de conforto...
Um sorriso desenhado em meio ao escuro do céu
seu vazio se funde com a noite, com o infinito escuro da noite...
se torna parte do silêncio...
uma criatura da noite, que se acolhe em meio as sombras
encontra conforto...
O vazio se torna mais tolerável, consegue sentir diminuir...
mas ainda está ali, não o deixa, insiste em existir,
algo lhe foi tirado, não se lembra
só sabe que foi...
criatura da noite, se transforma em um ser meio morto, meio vivo...
Vazio que o consome aos poucos, vai deixando apenas
rastros de algo que já foi...
Vai deixando pelo caminho, pequenos traços,
pequenos versos... vai deixando pelo caminho...
e vai deixando por onde passa...
alguns sorrisos, um pouco de calor que ainda lhe resta...
É apenas um vazio, um vazio que o consome aos poucos,
não sabe explicar, só sabe que o tem....

Â.A.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

A quem queira se apaixonar



São suspiros inesperados, sorrisos bobos
não se sabe por quem, não se sabe quando...
Só se sabe que vai acontecer,
aquela vontade, aquele desejo, tudo muda de valor.
Você se vê distraído, pensativo...
talvez você não perceba logo de início,
pode ser que demore mas...
Quando se der por si, já vai estar fora de seu controle,
não é apenas físico, vai além,
você deseja o sorriso dela, os olhos
deseja sentir seu cheiro, perder-se em abraços...
Deseja dar carinho, segurar sua mão, entrelaçar os dedos,
vai se ver com cara de bobo, sorrindo no meio da rua...
Vai fechar os olhos e ver seu rosto,
vai querer conversar mesmo sem saber o que falar,
vai abrir pegar uma foto e ficar admirando,
sorrindo, suspirando...
Vai ficar se indagando, será que ela também está assim?
ou será só você?
A quem queira se apaixonar, vai tomar conta de todo o seu ser...
vai sentir um toque de calor na alma,
a saudade vai inundar, mas no fim...
Você vai estar feliz, 
sabendo que você ainda consegue sentir algo assim...

Â.A.

domingo, 29 de abril de 2018

Olhos azul safira



Uma criatura mística, produto de sonhos
sua existência nunca confirmada,
muitos dizem terem visto, muitos se questionam...
Sua pele de pêssego, seu toque intenso,
todos sabem quando está por perto, um aroma doce,
seu leve sorriso em sua boca, dois traços delicados.
Uma elfa, quem saberá?
Bela criatura, como apreciar as estrelas sem olhar para cima, para o céu?
Seus olhos, dois pontos de luz,
dois pequenos pontos no meio ao preto céu, mas....
os dois pontos mais brilhantes,
intensas faíscas azul safira.
Produto de sonhos de um apaixonado,
queria ele trazer para o real mas ...
pode ser que já seja o real.
Criatura mística, uma elfa... quem sabe...
Doce incerteza, só a conhece em seus sonhos
percorrer todos os dias, os mesmos passos...
na incerteza de vê-la novamente,
dois pontos de luz, em meio a noite...
Deve-se olhar para cima, pois as estrelas
nós só vemos se olharmos para o céu,
só assim poderá adentrar no infinito que existe em sus olhos...

Â.A.

terça-feira, 10 de abril de 2018

Todos morrem em seus pesadelos



Vivemos todos em um pesadelo,
víboras transvestidas de flores...
nossos medos nos acompanham, empoleirados em nossos ombros.
sentimento de perda, solidão...
Alguns lapsos de luz, pequenos raios de sol,
sombras se desfazem...
Não se sabe o mais difícil, se é o passo a frente do abismo, para voar
ou se é o passo para trás, para ficar com os pés no chão...
Nossos pesadelos habitam nossas mentes,
pequenos monstrinhos risonhos.
Ao final tudo morre em nossos pesadelos,
resta saber ao final...
Se você sobrevive ao seu pesadelo, ou morre com ele...

Â.A.


domingo, 4 de março de 2018

Quando o coração deseja ficar



São passos em uma ponte velha de madeira
não sabemos se estaremos em pé no próximo passo...
Os olhos não enxergam muito além,
estamos praticamente cegos...
Cada passo, cada levantar de pé, é um ruído, um medo
o fundo do penhasco parece estar tão longe,
um escuro amedrontador...
Assim, quando o coração deseja ficar,
no lado mais bonito, longe do desconhecido...
alguns olhos brotam na penumbra.
Não se sabe se seus brilhos vão lhe ajudar...
continue com seus passos, firmes e pequenos,
não olhe para trás, pois o escuro já o envolveu.
Continue, mesmo o coração desejando ficar,
os passos para trás, são mais perigosos que os adiante...
Continue, pois o fim do arco íris está mais próximo do que se pensa...
E o escuro já não está tão perturbador...
Seus olhos já se acostumaram, e há alguns pontos de cor em meio a ele.
Continue, mesmo quando o coração deseja ficar...

Â.A.