Doce obsessão

Não era de costume, nem mesmo de seu interesse...
evitava outras pessoas, não queria vê-las.
Por alguma razão, não se sabe o por quê,
levemente levantou a cabeça, somente para olhar para o horizonte...
Estava a sua frente, parada,
parece que estava ali, esperando por isso,
Em um piscar de olhos desapareceu em meio a multidão.
Ficou com aquela cena na cabeça o resto do dia,
a noite toda, e os dias que seguiram...
não sabia o que havia acontecido, 
também não queria que acontecesse...
Não sabia quem ela era, não sabia seu nome,
nem se mesmo era real.
Ficou tanto tempo sozinho que tinha medo...
de ser algo de sua mente,
estava apaixonado por um olhar, sim, um olhar,
um simples par de olhos, mas...
um par de olhos que o enfeitiçaram.
estava aflito, se corroendo por dentro.
Iria atrais? Ficaria lá sem fazer nada?
Já não era mais paixão...
havia se tornado amor,
queria poder ver novamente aqueles olhos.
Refazia seus passos, ficava horas parado no mesmo lugar,
esperando... alimentando uma esperança...
Varava as noites ali, chuva, frio, doce obsessão...

Â. A.
 

Criatura

Um caminho vazio, muitas vezes frio...
escuro, poucos pontos de luz,
rajada de ventos, tempestades de pensamentos.
Vaga solitário, se esquivando de outros olhares...
as vezes se perde de seu caminho,
desvia seus passos, se distrai com algo...
raras ocasiões encontra belas paisagens.
Se perde nesse sentimento, se entrega,
permanece, se mistura ao local...
aos poucos vai sendo expulso.
Se perde de seu caminho...
seus olhos não vêm direito,
sua visão embaçada por causa das lágrimas,
correndo, fugindo, tropeçando nas pedras do caminho.
Criatura confusa, não sabe o que procura, mas sabe que está lá...
Não desiste, continua sua jornada,
recupera o fôlego, enxuga seu rosto.
Nunca havia encontrado, pela primeira vez,
seus olhos viram algo assim...
aproximou com receio, esticou sua mão.
Se assustou, espetou seus dedos...
sentou e ficou observando, não entendia,
algo tão bonito, delicado e perigoso...
queria para si, mas não sabia como o fazer.
Por muitos dias ficou ali, só observando...
em algumas ocasiões uma leve brisa,
o fazia sentir um doce perfume.
Aos poucos um sorriso foi se formando...
esticou novamente sua mão,
dessa vez não espetou seus dedos.
Tocou-a levemente, envolveu-a em suas carícias...
Muito se passou, e ficou ali, cuidando
vigiando, finalmente achou o que procurava.
Se entregou, estava feliz...
Seus dias foram se esvaindo,
sabia que não teria mais tempo,
mas não ficou triste...
se colocou ao lado da bela rosa.
Derramou uma lágrima, e nunca mais se levantou.

Â. A.

Sempre ao seu lado

Ela passava todos os dias pelo mesmo caminho,
passava apressada, de cabeça baixa.
Certo dia, olhou para o lado e se deparou com um rapaz diferente...
nunca o havia notado naquele canto.
Depois desse ocorrido, todos os dias ele estava lá,
ele a acompanhava com os olhos.
Ela estranhou o jeito que ele a olhava,
ele a olhava sempre de baixo para cima...
algo a atraía em seu olhar, 
era um olhar misterioso, não conseguia desviar o olhar.
Sempre que o via, estava com uma rosa em suas mãos...
ele passava levemente seus dedos por suas pétalas,
todos os dias ela passava por lá,
só para poder vê-lo e para sentir o doce perfume da rosa.
Certo dia ela não o encontrou...
podia sentir o doce aroma da rosa, mas não encontrava o olhar que a conquistou.
Por muitos dias ela o procurava, mas não o via...
certa vez, o dia estava nublado, um dia cinza,
de longe avistou um pequeno raio de sol.
Que atravessava as nuvens, e iluminava somente o local onde ele ficava...
Ela estranhou, ficou com medo, mas sentiu que ele a segurava pelo braço,
de seu bolso, retirou uma pequena coruja de cristal e um papel,
dobrado em forma de coração...
Antes que ela dissesse qualquer palavra, ele tomou seu rosto em suas mãos,
e lhe deu um beijo, o tempo realmente parou, ela sentiu como se estive flutuando.
Quando retornou a si, estava em seu quarto, deitada...
não sabia o que tinha ocorrido, não sabia se foi sonho ou real.
Voltou seus olhos para a beirada da cama e viu o coração de papel e a corujinha...
desdobrou o pequeno bilhete, o leu com os olhos cheios de lágrimas... nele estava escrito...
"Estive sempre ao seu lado, sempre cuidando de seus passos,
visitava seus sonhos, te via dormir...
Fui proibido de viver esse amor, e a única maneira que encontrei...
de estar sempre ao seu lado... foi me tornando seu anjo..."

Â.A.

Devaneios

Doces devaneios, sob o luar...
Com os olhos voltados para as estrelas,
será que você também está a observar?
Será que também está a pensar em mim?
Triste amor, doce obsessão...
a noite se torna palco das minhas declarações.
Será que está a escutar minhas palavras?
Levadas por uma leve brisa, 
Tantos desejos, beijos, esperando...
Um instante de olhos fechados,
sinto sua presença, um suave toque de seus lábios...
Rola uma lágrima que morre na ponta de um sorriso.
Doces devaneios, sonhos bons...

Â. A.
 

Coração gelado

Por muito tempo, afogando nas próprias lágrimas...
se fazendo prisioneiro de algo que nunca existiu,
procurando um meio de se reerguer.
O desespero na noite, 
gritando seu nome, em meio ao choro...
Algo mudou... por dentro... não existe sentimento...
o olhar sem vida, um sorriso frio...
Algo morreu por dentro, 
suas lágrimas não tem efeito algum,
o nome em tua boca, perdeu o significado.
Seu sorriso é só mais uma linha insignificante... 
Não serei eu quem vai se afogar nas próprias lágrimas,
coração gelado, foi tudo o que restou...

Â. A.

Eros

Por onde passa, rouba olhares, provoca desejos,
sua postura confiante, um olhar misterioso.
Invade os sonhos, os pensamentos...
Conquista os corações que cruzam seu caminho,
provoca fortes sensações, diferentes tipos de prazer.
Um beijo, um vício, uma dependência...
Desejo de possuir vários corpos, cada vez mais e mais...
maldição que acompanha...
têm aos seus pés vários corações,
não se vê satisfeito, não é o que quer...
Existe um coração, que nunca conseguiu ter em suas mãos...
fica de longe, desejando...
O único coração que nunca vai conseguir...
é o que mais deseja ter...

Â. A.
 

Outros olhos

Não são mais aqueles belos olhos,
há algo diferente, não existe mais brilho.
Uma falsa percepção, a neblina se esvaiu,
revelando a verdadeira imagem...
Os verdadeiros olhos, as reais intenções,
olhos sem expressão, um olhar frio...
Não acolhem, não convidam,
causam medo, repelem outros olhos.
Procura se esconder em meio a escuridão...
não quer ser visto, não quer contato.
Não os olhe diretamente, mantenha-se afastado...


Â. A.