sexta-feira, 31 de julho de 2015

Paranóia



Estão vindo atrás de mim,
fuja, vamos corra, mais rápido,
eles vão nos alcançar.
Saia de perto de mim, suma,
não, não me deixe sozinho,
eles querem me pegar...
O que eu fiz?
Querem me deixar igual a eles...
fuja vamos, corra,
não deixe que seus dedos me alcancem.
não adianta gritar, ninguém vem ajudar,
todo lugar que vou, olhos me vigiam,
olhos me perseguem...
Nunca estou só, sinto a presença deles...
me largue, não quero sua companhia,
sim, não gosto de você, 
o escuro, sim, no escuro me sinto seguro.
Lá não podem me encontrar,
saia, não, não quero que fique comigo,
estão me perseguindo, deixe-me só...
tenho que correr, aqui não é seguro,
eles vivem dentro de mim...
preciso fugir...
mas todos os lugares que vou... eles já estão lá a minha espera...

Â.A.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Templo de horror



Ao longe só se vê sua silhueta,
a lua cheia ilumina poucos metros a sua frente,
o cenário de horror vai se formando...
Ao se aproximar, um arrepio percorre suas costas
não está sozinho, há mais alguém naquele local,
vire-se, não encontrará ninguém ali.
Atreva-se a cruzar o portal, você ousaria?
Não tenha medo, não vamos lhe fazer mau,
venha para nosso mundo, vamos mostrar lhe as maravilhas que aqui existem...
não se apavore, você não estará só,
sempre estaremos ao seu lado, você não nos vê mas,
nós o vemos muito bem...
Sinta nossa presença, ouça nossos sussurros,
a doce melodia que aqui ecoa
se adentre mais nessa escuridão, explore nosso mundo.
Escute o ensurdecedor som das gotas de sangue que pingam no assoalho,
sinta seu coração parar com os gritos de horror de nossas almas
não, não tente fugir, não há para onde correr.
Vire-se, não há porta, então fique conosco.
Caminhe mais um pouco por estas salas, não se aflija,
não se assuste com os corpos, eles já não podem lhe fazer mau
sinta em seus ombros o peso de mãos que recaem sobre eles,
cálidas e sem vida, vamos corra, tente fugir.
Mas cuidado, não vá se ferir, 
já está quase no final deste pesadelo,
apenas mais alguns metros, já pode sentir?
As vozes que berram cada vez mais alto, o que eram gotas,
agora se assemelham à cascatas de sangue correndo por todo o cômodo,
sinta seu coração aos poucos perdendo a força,
olhe ao seu lado, uma figura acolhedora, um gatinho negro,
ele o acompanhou por todo este caminho, não o percebeu?
Mas ora vamos, agora já é tarde, não, não pode fugir,
não faça isso, se acalme, ele não lhe fará mau algum,
veja, ele já está voltando para seu lugar...
Vamos dê mais alguns passos, consegue enxergar minha mão?
Chegue mais perto, pegue minha mão, não grite,
minha face horrenda o assusta?
Que bom que isso ocorre mas, não temos muito tempo,
logo o sol irá raiar, temos que levá-lo conosco,
não, você não pode ir...
Ora vamos, não chore, não tenha medo...
Logo você se acostumas aos prazeres da dor...

Â.A.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Coração frankenstein



Tinha suas cicatrizes, suas marcas,
suas lembranças de uma vida.
Foi feito, moldado com toda precisão,
com toda atenção, de olhos e mãos ágeis,
cada ponto dado, cada relocamento de partes...
Cada parte selecionada com toda exigência,
não podia ser qualquer uma.
Foi tomando forma, cada vez mais parecido com o formato final,
mas não despertou nas pessoas, o mesmo sentimento de seu criador.
Todos o olhavam com medo, raiva, desprezo ...
o julgavam de monstro, demônio, o maltratavam,
viam somente sua grotesca aparência, 
não tentavam entender o que realmente era,
não queriam saber o que tinha para mostrar.
Foi forçado a fugir, se esconder, viver pelas sombras,
vive em busca de alguém, de algo...
algo que o faça sentir bem, um lugar onde se encontre.
Procura um lugar onde aceitem seu coração frankenstein...

Â.A.